Por PITTY PRISCILA NOVAES LEONE 12 out., 2023
cresci aprendendo com minha mãe que não se pode desperdiçar nada. nadinha mesmo. comida no prato, roupa já bem gasta que ainda dá pra vestir, até o restinho da manteiga que fica na faca deve ser usado. por que jogar fora? as sacolas de plástico de supermercado, óbvio, sempre foram sacos de lixo em casa. lembro de milhões de exemplos da infância, como esses, que absorvi para a vida adulta. é interessante pensar que isso não é fruto de haver, em casa, o que se chama hoje de consciência ambiental. a real é que nem se falava nisso naquela época, e minha mãe estava mesmo era tentando sobreviver. com o pouco que a gente tinha, o restinho de pasta de dente no tubo parecia muito e devia ser usado até o final. como os sabonetes. como as sacolas ou garrafas plásticas. ou os papéis de presente do aniversário anterior. ou os copos de geléia mocotó que obviamente viravam copos de beber água - afinal, copos, não? lembro de notar diferenças em casas de amigos: ah, aqui os copos são todos iguais, tipo um conjunto. ou, mais recentemente, quando me dei conta na vida adulta que nem todo mundo usa sacola de mercado no lixinho do banheiro. tenho visto e convivido, e acho lindo tudo tão organizado e com as cores certas… mas sei lá porquê hoje estava no banheiro e olhei pro lado. o lixinho do meu banheiro tem sacola de mercado. na hora, pensei: “ih, acho que não sou chique. nas casas 'de adulto', os lixinhos são com saquinho feitos para este fim…” o segundo pensamento foi um flow gigante: memórias da minha infância e esses detalhes que contei acima, o contato com o punk rock e o anticapitalismo na adolescência, a noção de saúde ambiental que se tem hoje; e tudo isso se misturou em segundos na minha cabeça para chegar numa palavra: Upcycling. em moda, usa-se muito esse termo, e eu entendi por quê esse estilo me cativa. pode chamar de CUSTOMIZAÇÃO, tá? eu chamo, rs. desde adolescente, sempre curti pegar uma calça já meio zoada e transformá-la num shorts, ou uma camiseta mais velha e cortar os ombros, as mangas, ou as laterais e “costurá-la” de volta com alfinetes, por exemplo. ou usar, de uma camisa manga longa, apenas as mangas com um elástico costurado na parte do braço e, voilá, temos luvas. meias de nylon, arrastão ou não, são um prato cheio para composições diversas. cada pedaço vira o que você quiser. fazer dobraduras com amarrações, fitas ou o que tiver à mão - pode ser só um pedaço de tecido (bom, moulage é para especialistas. não é o meu caso, rs). customizar é reciclar coisas e encontrar novos usos para objetos, roupas, sacolas, pedaços de madeira, o que quer que seja. é usar a criatividade e transformar algo que supostamente não serve mais em algo útil novamente. olhando em retrospecto, esse conceito me cativa por tudo isso: o aprendizado de sobrevivência na infância, a identificação com a filosofia não consumista e baseada na subversão da aparência padrão na adolescência. e também perceber a analogia pra vida dessa visão: transmutação, adaptação, consciência. muito doido perceber nesses lapsos as coisas que vão nos formando. nossos alicerces, nossa base ética. era só um xixizinho matinal, aí fui olhar pro lixinho e deu nisso. “eu não sou o meu carro eu não sou meu cabelo esse nome, não sou eu e muito menos este corpo” ps: sacolas reutilizáveis, caixas e caixotes, muitas opções hoje em relação à sustentabilidade. sobre a democratização disso, é papo para outro encontro nesse boteco :)
Por PITTY PRISCILA NOVAES LEONE 18 ago., 2023
volto. sempre volto. eu te disse, independentemente do tempo ou circunstância; algo me faz voltar aqui. e, digitar se torna mais difícil. antes uma caneta e papel; e hieróglifos indecifráveis, porém, teclas. ok.
Por Pitty 05 jan., 2022
Esse processo natural, que há de ser respeitado, tem regras e leis próprias, que servem à natureza e não aos nossos desejos individuais. Propor esse encasulamento criativo com cada um e cada uma dessas parcerias foi intenso: cada larva chegou com o seu processo. e juntamos as nossas transformações, livremente, apostando tanto no feeling da natureza quanto naquele arrepio poderoso atrás da nuca que me percorria a espinha em todas as sessões - quando sentia que o bicho estava se formando.
19 ago., 2021
Auto aceitação, autoconhecimento, bodypositive, bodyshaming, bodyneutral Esse corpo e mente com o qual eu acordo e vou dormir todos os dias. Você gosta mesmo de quem você é? Absolutamente? Você se acha, tipo, incrível, quando tenta minimizar as minúcias do que te faz mal, sejam elas superficiais ou não? Você se acha, tipo, perfeita, quando defende que assim tá bom pra vc e pronto? E as angústias de sempre, onde colocamos hoje? Nas lutas fora de nós? Nas lutas imaginárias cabeça a dentro? Nas batalhas diárias reais cabeça a dentro e fora? Se olhar no espelho e ver; o quê? O que nossa mente diz, o que o momento diz, o que você quer tanto acreditar diz. Matéria, ego, insegurança. Ou o oposto, tão desequilibrado quanto; megalomania, mitomania, negação da realidade. Olhar no espelho de vez em quando, depois de algumas, turva. Quando você se sente invencível, potente e prepotente; mas fora do véu paralelo é apenas inconveniente. Bradando aos 4 cantos sua somente vista por si superioridade. Olha no espelho de novo, turva. Turva como a água agitada das nossas sensações, o reflexo que não para quieto, até que vc capte um fragmento que te faça sentido. É aqui. Assim eu quero me ver. Congela. Mas, a vida derrete. E a gente vai olhar de novo no espelho, derretida, turva. Até focar uma pupila com a outra, a de você mesma, do outro lado. E passar a vida todinha caçando ser menos turva e saber, minimamente, o que escolher. Hoje, lógico.
Tempo de Brincar
Por Pitty 30 jul., 2021
Leia mais sobre o processo criativo e a história da música do último lançamento!
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